A perda auditiva é uma condição que impacta milhões de pessoas globalmente, e com o envelhecimento da população, essa questão está se tornando cada vez mais relevante. Além disso, a exposição contínua a ruídos intensos, seja no ambiente de trabalho ou lazer, contribui para o aumento dos problemas auditivos. Mas, afinal, em que momento a perda auditiva é considerada uma deficiência? Neste artigo, vamos explorar essa pergunta, detalhando os tipos de perda auditiva, seus diferentes graus, as causas principais e os tratamentos disponíveis para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com essa condição.
O que é a perda auditiva?
A perda auditiva ocorre quando há uma redução na capacidade de perceber sons, que pode afetar um ou ambos os ouvidos. Esse problema pode ser parcial ou total e se manifestar em diferentes fases da vida, sendo o resultado de diversos fatores, como idade, exposição a sons muito altos, doenças, entre outros.
Principais tipos de perda auditiva
Existem diferentes formas de perda auditiva, dependendo da área do ouvido afetada. Elas se classificam em:
1. Perda auditiva condutiva
Esse tipo de perda acontece quando há algum bloqueio ou dano no ouvido externo ou médio, impedindo que o som chegue corretamente ao ouvido interno. Causas comuns incluem excesso de cera, infecções, ou malformações na estrutura do ouvido.
2. Perda auditiva sensorioneural
Esse tipo é provocado por danos nas células ciliadas do ouvido interno ou no nervo auditivo, responsáveis por transmitir o som ao cérebro. Entre as causas mais frequentes estão o envelhecimento natural, exposição prolongada a sons altos, e algumas doenças.
3. Perda auditiva mista
A perda auditiva mista é uma combinação das duas anteriores, ou seja, envolve problemas tanto na condução do som quanto na parte sensorioneural.
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Como a perda auditiva é classificada?
A perda auditiva é medida em decibéis (dB), e a gravidade é avaliada de acordo com a intensidade do som que uma pessoa consegue ouvir. Abaixo, estão os principais níveis de perda auditiva:
- Audição normal (0 a 25 dB): O indivíduo consegue ouvir bem a maioria dos sons diários.
- Leve (26 a 40 dB): Dificuldade em escutar sons suaves ou entender conversas em locais barulhentos.
- Moderada (41 a 55 dB): Complicações para ouvir uma conversa normal, sendo necessária uma amplificação.
- Moderadamente severa (56 a 70 dB): Conversas mais altas já são difíceis de ouvir.
- Severa (71 a 90 dB): É difícil ou impossível ouvir sem o auxílio de aparelhos.
- Profunda (mais de 91 dB): A pessoa não escuta a maioria dos sons e, muitas vezes, depende da leitura labial ou da linguagem de sinais para se comunicar.
Em que momento a perda auditiva é considerada uma deficiência?
A perda auditiva começa a ser vista como deficiência quando interfere diretamente na capacidade da pessoa de se comunicar ou realizar suas atividades diárias. Normalmente, a deficiência auditiva está associada a perdas moderadas, severas ou profundas, mas até mesmo graus mais leves podem ser considerados deficiência, dependendo do impacto na vida do indivíduo.
Principais causas da perda auditiva
A perda de audição pode ocorrer por diferentes razões, sendo as mais comuns:
1. Fatores hereditários
Problemas auditivos podem ser transmitidos geneticamente. Algumas pessoas já nascem com perda auditiva, enquanto outras podem desenvolvê-la mais tarde devido à predisposição genética.
2. Envelhecimento
A perda auditiva relacionada à idade, chamada de presbiacusia, é progressiva e começa a se manifestar, em média, a partir dos 60 anos. Esse tipo de perda é irreversível e afeta principalmente as frequências mais agudas.
3. Exposição a ruídos intensos
A exposição prolongada a sons muito altos, como máquinas industriais, shows, ou até mesmo o uso constante de fones de ouvido com volume elevado, pode causar danos ao ouvido interno.
4. Infecções e doenças
Infecções recorrentes, como otites, ou doenças como meningite, diabetes e hipertensão, podem afetar a capacidade auditiva. Além disso, algumas condições, como a hipertensão, também estão ligadas a problemas de audição.
5. Medicamentos ototóxicos
Certos medicamentos, como alguns antibióticos ou drogas usadas em quimioterapia, podem danificar as células do ouvido interno, resultando em perda auditiva.
Como a perda auditiva é diagnosticada?
Para diagnosticar a perda auditiva, é necessário realizar exames específicos com um profissional especializado, como o audiologista. Os principais testes incluem:
- Audiometria tonal: Avalia a capacidade do indivíduo de ouvir sons em diferentes frequências e intensidades.
- Audiometria vocal: Mede a capacidade de entender palavras e sons da fala.
- Impedanciometria: Testa a função do ouvido médio, verificando o movimento do tímpano e a condução do som.
Opções de tratamento para a perda auditiva
Felizmente, existem tratamentos eficazes para lidar com a perda auditiva, dependendo de sua causa e gravidade. As opções variam desde o uso de aparelhos auditivos até intervenções cirúrgicas.
1. Aparelhos auditivos
Aparelhos auditivos são dispositivos que amplificam o som e são indicados para pessoas com perda auditiva leve a severa. Eles são ajustados conforme a necessidade de cada paciente, garantindo maior clareza sonora.
2. Implantes cocleares
Os implantes cocleares são indicados para casos de perda auditiva severa ou profunda, quando os aparelhos convencionais não são eficazes. Eles são implantados cirurgicamente e estimulam o nervo auditivo diretamente.
3. Cirurgias
Em casos de perda auditiva condutiva, como perfuração do tímpano ou obstruções, algumas cirurgias podem restaurar a audição parcial ou completamente.
4. Reabilitação auditiva
O acompanhamento com fonoaudiólogos e outros profissionais pode incluir a leitura labial, treinamento auditivo e técnicas de adaptação para melhorar a comunicação e qualidade de vida.
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Prevenção da perda auditiva
Prevenir é sempre o melhor remédio. Algumas atitudes podem ajudar a proteger sua audição:
- Use proteção auditiva: Em ambientes de trabalho com muito barulho, como fábricas ou canteiros de obra, o uso de protetores auriculares é essencial.
- Regule o volume dos fones de ouvido: Manter o volume em níveis moderados ajuda a evitar danos auditivos.
- Cuidado com medicamentos: Consulte um médico sobre os efeitos de medicamentos ototóxicos, especialmente se você já tem predisposição a problemas auditivos.
A perda auditiva pode ter um impacto profundo na vida de quem a enfrenta, mas o diagnóstico precoce e os tratamentos disponíveis oferecem grandes melhorias na qualidade de vida. Ela é considerada uma deficiência quando compromete a capacidade de comunicação e interfere nas atividades diárias. Entender os graus de perda auditiva e as opções de tratamento é o primeiro passo para encontrar a melhor solução. Com cuidados e ajustes, é possível viver de forma plena, independentemente da perda auditiva.
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