Com a crescente conscientização sobre a importância da inclusão digital, as empresas brasileiras estão se mobilizando para garantir que seus sites e aplicativos sejam acessíveis a todos os usuários. A necessidade de atender adequadamente a pessoas com deficiência é uma demanda que vem se intensificando, especialmente após a pandemia, que impulsionou a criação de inúmeras páginas na web.
Apesar do avanço, ainda há muito a ser feito, já que uma pesquisa recente revelou que apenas 0,46% dos sites ativos no Brasil cumprem com os parâmetros de acessibilidade digital. Neste contexto, tanto empresas quanto consultorias estão se adaptando e investindo em soluções para criar um ambiente digital mais inclusivo.
Leia mais:
Atualização nos laudos para concessão de benefícios a pessoas com deficiência
O despertar do mercado
O mercado digital brasileiro começa a reconhecer a importância de implementar acessibilidade, com diversas empresas capacitando suas equipes para lidar com essa questão.
Consultorias especializadas também estão surgindo, oferecendo diagnósticos e soluções que não apenas melhoram a navegação para usuários com deficiência visual, mas também abrem oportunidades de trabalho para esses profissionais.
Dados alarmantes
Uma pesquisa realizada pelo Movimento Web para Todos, em parceria com a BigDataCorpi, apontou que apenas 0,46% dos 22 milhões de sites ativos no Brasil estão em conformidade com os padrões de acessibilidade digital.
Esse número representa uma queda em relação a 2021, quando 0,89% dos sites cumpriam esses critérios. Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos, atribui essa redução à proliferação de sites de pequeno porte durante a pandemia, muitos dos quais não receberam orientações sobre acessibilidade.
Barreiras a serem superadas
Os principais problemas encontrados incluem a falta de navegação alternativa para usuários cegos ou com dificuldades motoras e a ausência de descrições em botões, o que compromete o uso de softwares leitores de tela.
Freire destaca que melhorar a acessibilidade beneficia não apenas as pessoas com deficiência, mas também usuários idosos e aqueles com baixa escolaridade, criando uma experiência mais intuitiva para todos.
Casos de sucesso
No e-commerce, empresas como o Elo7 estão à frente na adoção de práticas inclusivas. Erich Egert, presidente da empresa, revela que a iniciativa partiu dos próprios funcionários, que dedicaram tempo para estudar diretrizes de acessibilidade digital. O esforço resultou em melhorias significativas sem grandes investimentos. “Eles mostraram que é possível, com esforço, fazer esse trabalho, e não é tão complicado assim”, afirma Egert.
O Mercado Livre também está investindo em acessibilidade, criando uma área específica para identificar e corrigir falhas em seus projetos. Ângela Faria, líder de diversidade e inclusão da empresa, reforça o compromisso em garantir que novas iniciativas sejam acessíveis desde o início.
Oportunidades para consultorias
Consultorias de tecnologia, como NTT Data e Yamãn, estão aproveitando essa demanda crescente, colaborando com grandes bancos e varejistas para aperfeiçoar a navegação em seus sites e aplicativos.
O trabalho é realizado por equipes formadas por profissionais com e sem deficiência visual, garantindo uma abordagem inclusiva e prática. Murilo Bolonhini, da Yaman, explica que cada tela é submetida a rigorosos testes de validação.
Conclusão
A adoção de práticas de acessibilidade digital é uma questão não apenas ética, mas também estratégica para as empresas brasileiras. Com um mercado cada vez mais competitivo e a crescente demanda por inclusão, investir em acessibilidade é fundamental para garantir que todos os usuários possam navegar com facilidade e conforto.
À medida que mais empresas reconhecem a importância dessa causa, espera-se que os números de conformidade com os padrões de acessibilidade aumentem, beneficiando uma parcela significativa da população.
Imagem: Freepik