Recentemente, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania apresentou uma proposta que visa flexibilizar os critérios de avaliação para o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Essa mudança tem gerado debates intensos dentro do governo, revelando uma tensão entre a necessidade de ampliar o acesso a direitos essenciais para pessoas com deficiência e a preocupação com o impacto fiscal dessa medida. A proposta inclui a criação do Sistema Nacional de Avaliação Unificada da Deficiência, que promete modernizar o reconhecimento de direitos, como a isenção do Imposto de Renda e o acesso ao BPC para aqueles com menor renda.
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Divergências internas no governo
A proposta do Ministério dos Direitos Humanos gerou divisões entre diferentes órgãos do governo, especialmente aqueles envolvidos na revisão de despesas.
Embora a flexibilização dos critérios possa facilitar o acesso ao BPC, há receios de que isso resulte em um aumento significativo nos gastos públicos. Auxiliares do Palácio afirmam que não se pode fechar uma posição sobre o texto proposto, tendo em vista que não foram apresentadas estimativas de impacto.
Sistema Nacional de Avaliação Unificada
A nova proposta inclui a criação de um Sistema Nacional de Avaliação Unificada da Deficiência, que deverá facilitar a certificação de cidadãos com deficiência. Essa mudança visa garantir acesso a direitos, incluindo a isenção do Imposto de Renda e a concessão do BPC para pessoas de baixa renda.
Contudo, há uma ala do governo que defende que os novos critérios devem ser aplicados apenas em outras políticas relacionadas a deficiência, excluindo o BPC.
Críticas e preocupações
Críticos da proposta apontam que permitir que equipes de saúde conduzam as avaliações pode aumentar a subjetividade do processo, resultando em concessões excessivas.
O relatório propõe que as avaliações considerem um modelo biopsicossocial, levando em conta não apenas aspectos físicos e psicológicos, mas também fatores sociais e ambientais. No entanto, essa abordagem pode causar confusão, permitindo que doenças crônicas sejam tratadas como deficiências.
Riscos de equivalência entre doenças e deficiências
Técnicos do governo alertam que a ampliação dos critérios pode levar a um cenário em que qualquer doença crônica seja equiparada a uma deficiência, desconsiderando a progressão de crianças que superam suas dificuldades ao longo da vida.
Apesar de o relatório indicar que as mudanças nas análises do BPC não interferem nas regras dos programas, o aumento potencial de concessões pode impactar o número atual de quase 6 milhões de beneficiários.
Avanços e metodologia
O Ministério dos Direitos Humanos acredita que a avaliação unificada permitirá uma utilização mais racional dos recursos. A nova metodologia, conforme defendida pelo ministério, seria superior à atualmente em vigor, podendo identificar melhor os serviços necessários para cada indivíduo.
Contudo, até o momento, o decreto que formaliza a proposta ainda não foi apresentado, e as discussões sobre possíveis impactos financeiros continuam em aberto.
Conclusão
A proposta de reforma no BPC representa um passo significativo em direção à inclusão e ao reconhecimento de direitos para pessoas com deficiência. No entanto, a necessidade de um equilíbrio entre a expansão de acessos e a responsabilidade fiscal continua a ser um desafio a ser enfrentado pelo governo.
As discussões em torno dessa proposta devem continuar a ser monitoradas, uma vez que podem ter implicações profundas no bem-estar de milhões de brasileiros.
Imagem: Reprodução / Agência Brasil