Um estudo recente do governo brasileiro evidencia um crescimento alarmante na disparidade salarial entre homens e mulheres. Em 2023, as mulheres receberam, em média, 20,7% menos do que seus colegas homens, refletindo uma tendência que se acentuou em relação ao ano anterior. Com base em dados de mais de 50 mil empresas, a pesquisa traz à tona a urgência de ações concretas para promover a equidade salarial e o fortalecimento da presença feminina no mercado de trabalho. Este artigo analisa os detalhes do relatório, as causas subjacentes dessa desigualdade e as propostas do governo para enfrentar essa realidade.
Leia mais:
Mercado de trabalho: Oportunidades e barreiras para deficientes visuais
Desigualdade salarial em aumento
Um novo levantamento, a ser divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Ministério das Mulheres, revela um aumento na desigualdade salarial em relação ao ano anterior.
Em 2023, as mulheres receberam, em média, R$ 3.565,48, enquanto os homens tiveram uma remuneração média de R$ 4.495,39. A primeira edição deste relatório, publicada em março, apontava que a diferença salarial era de 19,4% em 2022, evidenciando a necessidade de ações efetivas para corrigir essa situação.
Análise do mercado de trabalho
Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, destacou que o desequilíbrio salarial está associado ao fato de as mulheres frequentemente ocuparem postos de trabalho que oferecem salários inferiores.
“No ano de 2023, houve um forte crescimento da geração de empregos para mulheres, mas são vagas que pagam menos. Então, a diferença [salarial entre homens e mulheres] se ampliou um pouco”, comenta Montagner. Ela enfatiza a necessidade de melhorar a remuneração dos novos postos de trabalho.
Disparidade em cargos de liderança
O estudo aponta que a diferença salarial se acentua ainda mais em posições de liderança. Em 2023, a discrepância de renda média para dirigentes e gerentes alcançou 27%, um aumento em relação aos 25,2% registrados em 2022.
Esses números sublinham a urgência de iniciativas que promovam a equidade salarial em todos os níveis hierárquicos.
O recorte étnico-racial
Além da questão de gênero, o relatório também revela que a desigualdade salarial é exacerbada por fatores raciais. As mulheres negras, por exemplo, recebem apenas 50,2% da remuneração dos homens brancos no Brasil.
O ganho médio da mulher negra foi de R$ 2.745,76, em comparação com R$ 5.464,29 dos homens não negros. Montagner observa que “as mulheres negras estão concentradas em ocupações da base da pirâmide”, enquanto os homens ocupam posições mais elevadas na hierarquia do mercado de trabalho.
Cenário nos estabelecimentos
O levantamento também revela que em 42,7% dos estabelecimentos com cem ou mais funcionários, a presença de mulheres pretas ou pardas é inferior a 10% do total de empregados. Este dado destaca a necessidade de promover uma maior inclusão e diversidade no ambiente de trabalho.
Ações do governo
Para enfrentar essa realidade, o governo planeja engajar os estabelecimentos que apresentaram dados mais favoráveis, compartilhando boas práticas para incentivar a equidade salarial em todo o Brasil. Conforme a legislação vigente, empresas com cem ou mais funcionários são obrigadas a publicar relatórios de transparência salarial, e aquelas que não cumprirem a exigência podem ser multadas em até 3% da folha de pagamento.
Diretrizes para a igualdade salarial
Nesta quarta-feira (18), o Ministério das Mulheres também apresentará o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral, que inclui 79 ações focadas em três eixos: aumentar a participação das mulheres no mercado de trabalho, garantir a permanência delas nas atividades e valorizar suas contribuições profissionais.
Conclusão
O relatório destaca a urgência de se abordar a desigualdade salarial de forma abrangente e estratégica. Para que as mulheres possam alcançar condições de trabalho equitativas, é essencial que o governo, as empresas e a sociedade civil unam esforços para promover mudanças significativas.
O caminho para a igualdade salarial não é apenas uma questão de justiça, mas um passo fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país.
Imagem: gpointstudio / Freepik