Uma pesquisa realizada entre junho de 2022 e julho de 2024 pela Diversitera, uma startup focada em diversidade, equidade e inclusão (DEI), revelou dados alarmantes sobre a representação de pessoas com deficiência (PCDs) no mercado de trabalho brasileiro. Com a participação de 65 empresas de médio e grande porte, o levantamento mostra que apenas 4,6% da força de trabalho ativa é composta por PCDs, percentual que cai para 3,4% no estado de São Paulo. Para Marcus Kerekes, CEO da Diversitera, essa situação é preocupante: “Ainda é grande o número de organizações que nem ao menos atingem o número estabelecido pelas leis de cotas e pouquíssimas realizam um trabalho estruturado pensando na inclusão e retenção desses profissionais no longo prazo.”
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A representação de PCDs no mercado
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 18,6 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência. Em São Paulo, isso representa 8% da população, ou seja, cerca de 3,3 milhões de indivíduos.
A discrepância entre a população em geral e sua presença no ambiente corporativo é um forte indicativo da sub-representação das PCDs nas empresas.
Diferença salarial
Um dos aspectos mais alarmantes revelados pela pesquisa é a diferença salarial. Profissionais com deficiência recebem, em média, 14% a menos do que seus colegas sem deficiência, mesmo quando ocupam cargos equivalentes.
Essa disparidade salarial ilustra um dos principais obstáculos à inclusão real no setor corporativo.
Acessibilidade e inclusão no trabalho
Além da questão salarial, o estudo aponta que 37% dos entrevistados consideram seus ambientes de trabalho como sem acessibilidade ou apenas parcialmente acessíveis. Isso destaca a necessidade urgente de transformações estruturais e culturais nas empresas. Segundo especialistas, criar ambientes de trabalho acessíveis e equitativos é crucial para garantir a inclusão de todos.
“As empresas precisam rever suas políticas de inclusão para criar ambientes onde a acessibilidade seja uma prioridade, e não apenas um complemento. Existem problemas que podem ser resolvidos de maneira rápida e eficaz, com grande impacto na qualidade de vida desses colaboradores”, enfatiza Kerekes. Ele ilustra a situação ao afirmar que, muitas vezes, profissionais com deficiência enfrentam barreiras que poderiam ser facilmente superadas, como a falta de softwares de leitura de tela para colaboradores cegos ou a ausência de profissionais que se comuniquem em Libras em ambientes de trabalho onde há surdos.
Considerações finais
A realidade enfrentada por pessoas com deficiência no mercado de trabalho evidencia a necessidade de uma mudança significativa nas práticas corporativas. Ao abordar não apenas a contratação, mas também a criação de ambientes acessíveis e a equidade salarial, as empresas têm a oportunidade de promover uma verdadeira inclusão.
A conscientização e a ação proativa são fundamentais para que o cenário se transforme e para que as PCDs possam contribuir plenamente no ambiente de trabalho.
Imagem: Freepik