O ingresso de pessoas com deficiência (PCDs) no mercado de trabalho é um tema cada vez mais debatido, especialmente em um contexto que busca promover a diversidade e a inclusão. Contudo, as barreiras enfrentadas por essas pessoas vão além de suas condições pessoais, refletindo também nas práticas adotadas pelos processos seletivos das empresas. Em um estudo conduzido pela consultoria Coexistir, durante a 18ª Feira Internacional de Inclusão, Acessibilidade e Reabilitação, em São Paulo, 12,5% dos 200 entrevistados relataram que os próprios processos de seleção se configuram como um obstáculo significativo.
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Preconceito e barreiras institucionais
O preconceito foi destacado por 18% dos participantes como o maior desafio enfrentado por PCDs ao tentarem uma vaga de emprego. Além disso, muitos candidatos indicaram que a falta de compreensão sobre as especificidades de suas condições ainda é uma barreira significativa. Embora 76% dos entrevistados afirmem que suas empresas realizam atividades voltadas à inclusão de PCDs, a eficácia dessas iniciativas é questionada. A maioria das atividades consiste em palestras, que podem não ser suficientes para gerar um impacto real.
Maria de Fátima e Silva, coordenadora da Coexistir, critica essa abordagem:
“Mas você não conscientiza ninguém com uma palestra. As empresas têm de promover muito mais diálogos internos trazendo os temas [relacionados à diversidade], ouvindo seus profissionais e respondendo a suas questões.”
O papel das empresas na promoção da inclusão
Para que as iniciativas de inclusão sejam verdadeiramente eficazes, é fundamental que as empresas adotem uma abordagem mais holística. Isso implica não apenas em ações pontuais, mas também em um compromisso contínuo com a formação e a conscientização dos colaboradores.
A promoção de ambientes de trabalho inclusivos vai além de garantir que as PCDs sejam contratadas; é também sobre assegurar que elas se sintam valorizadas e integradas na cultura organizacional.
Caminhos para a inclusão eficaz
Os dados apresentados na pesquisa evidenciam a necessidade de repensar os métodos de recrutamento e seleção. Criar processos que considerem as especificidades das PCDs pode reduzir as barreiras à inclusão e promover um ambiente mais equitativo. É fundamental que as organizações se comprometam a revisar suas práticas e a implementar treinamentos voltados à sensibilização e à promoção da diversidade.
O caminho para a inclusão de PCDs no mercado de trabalho é desafiador, mas com esforço conjunto entre as empresas e a sociedade, é possível transformar essas barreiras em oportunidades. Ao fomentar uma cultura de diálogo e escuta ativa, as organizações podem não apenas facilitar a entrada de PCDs, mas também enriquecer seu ambiente de trabalho com a diversidade de experiências e perspectivas que esses profissionais trazem.
Imagem: Freepik