A greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está chegando a uma encruzilhada, marcada por tensões e descontentamentos que persistem mesmo após declarações oficiais de encerramento do movimento. Enquanto a instituição considera a paralisação finalizada, uma significativa parte dos trabalhadores não aceita os termos do acordo, deixando a situação em aberto.
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O cenário atual da greve
A greve, iniciada em 10 de julho, viu seus primeiros sinais de resolução quando a CNTSS (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social) assinou um acordo em 28 de agosto. Mais recentemente, no dia 26 de setembro, a Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal) endossou o acordo, mas a Fenasps (Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social) recusou as propostas.
Embora o INSS tenha declarado que a greve foi encerrada, o não reconhecimento do acordo por parte da Fenasps, que representa a maioria dos servidores, levanta questões sobre a legitimidade desse encerramento. O sindicato, que não aceitou as propostas, continua a organizar esforços para a manutenção da paralisação.
Decisões e impasses
Ismênio Bezerra, diretor de governança, planejamento e inovação do INSS, informou que a situação atual marca a transição para uma nova fase de discussões sobre mudanças na carreira dos servidores. “Ficam de fora da negociação da carreira. Como quem assinou o acordo de greve foi a CNTSS e a Condsef, não tem como você dialogar com quem não assinou o acordo. A gente respeita o movimento em contrário da Fenasps, mas já tem um acordo de greve que é reconhecido pelo poder Judiciário”, afirmou Bezerra.
Na terça-feira, dia 1º de outubro, as 1.500 agências do INSS em todo o país funcionaram normalmente, com apenas cerca de 100 faltas registradas devido à greve. A substituição do código de greve pela anotação de falta injustificada gerou polêmica, levando a Fenasps a buscar apoio judicial para reverter a situação.
Descontentamento e futuro incerto
“A Fenasps, que é a entidade nacional que representa mais de 90% dos servidores, não assinou o acordo porque ele não contempla basicamente quase nada das reivindicações da categoria, e a greve permanece”, declarou Thaize Chagas, diretora da Fenasps e do Comando Nacional de Greve.
Por outro lado, o SINSSP, ligado à Condsef, confirmou que foi o único sindicato da base que decidiu manter a greve. O acordo assinado prevê reajustes para 2025 e 2026, além de reestruturação na carreira, que se expandirá de 17 para 20 níveis.
Apesar de os servidores do INSS terem recebido um aumento de 9% em 2023, após um longo período sem reajustes, as dificuldades persistem. O INSS conta atualmente com cerca de 19 mil servidores, número inferior ao pico de 25 mil em 2015. Com um milhão de pedidos de benefícios chegando mensalmente para análise, a falta de pessoal é um fator que continua a motivar a paralisação.
As próximas semanas serão cruciais para determinar o futuro da greve e o estado da categoria, que permanece mobilizada em busca de reconhecimento e melhores condições de trabalho.
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