A exclusão social e econômica de jovens negras no Brasil atinge níveis alarmantes, conforme aponta a pesquisa mais recente do IBGE. Segundo o estudo, 45,2% das mulheres pretas e pardas entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham, configurando o maior índice já registrado desde 2012.
A falta de oportunidades, combinada com responsabilidades domésticas e ausência de suporte, coloca essas jovens em uma posição de vulnerabilidade extrema, evidenciando a necessidade urgente de políticas públicas inclusivas.
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Um retrato alarmante: jovens negras fora do mercado e da educação
A pesquisa “Síntese de Indicadores Sociais”, conduzida pelo IBGE, revelou que 45,2% das mulheres negras de 15 a 29 anos estão fora do mercado de trabalho e das instituições de ensino.
Esse índice representa 4,6 milhões de pessoas, a maioria delas (76,8%) fora da força de trabalho, enquanto apenas 23,2% são consideradas desocupadas — ou seja, estão em busca de emprego.
Comparações de gênero e raça expõem desigualdades
O levantamento também comparou os dados entre diferentes grupos raciais e de gênero. Enquanto quase metade das jovens negras enfrenta essa realidade, a proporção entre jovens brancas é significativamente menor, alcançando 18,9%. Entre homens pretos e pardos, o índice cai para 23,4%, e entre homens brancos, para 11,3%.
Essas discrepâncias deixam claro que as jovens negras são o grupo mais afetado por barreiras socioeconômicas no Brasil, consolidando um ciclo de exclusão que impede o avanço educacional e profissional.
Dinâmica de mercado e redução geral do índice
Apesar da situação preocupante, a pesquisa identificou uma queda no número total de jovens que não estudam nem trabalham. Em 2023, o índice nacional foi de 21,2%, equivalente a 10,3 milhões de pessoas, o menor patamar desde 2012.
Esse declínio é atribuído a dois fatores principais: uma diminuição demográfica na população jovem e a recuperação do mercado de trabalho pós-pandemia, segundo Denise Freire. No entanto, a redução foi mais expressiva entre jovens brancos e menos significativa para jovens negras, cuja participação nesse grupo caiu apenas 1,6%.
A urgência de políticas públicas para jovens negras
A necessidade de ações direcionadas é evidente. Denise Freire, pesquisadora do IBGE, reforça que as jovens pretas e pardas devem ser foco de políticas públicas para promover inclusão.
“É o grupo que tem a maior dificuldade de sair em busca de colocação no mercado de trabalho ou voltar a estudar. São as pessoas para as quais devemos ter um olhar mais atento para políticas públicas”, destaca.
Investir em educação, redes de apoio e inclusão profissional é essencial para quebrar o ciclo de exclusão e desigualdade que afeta milhões de jovens negras no Brasil.
Fonte: Agência Brasil