O impacto das mudanças climáticas tem se tornado cada vez mais evidente, e as pessoas com deficiência, infelizmente, são as mais afetadas por eventos climáticos extremos e pela crise ambiental.
Durante o debate realizado pelo Coletivo Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência da CUT, foi discutido como essas pessoas enfrentam desafios adicionais em momentos de catástrofes naturais.
O evento, que marcou o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, destacou a necessidade urgente de políticas públicas que incluam esse grupo nos planos de ação climática, considerando sua vulnerabilidade.
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A importância de incluir as pessoas com deficiência nos planos climáticos
Jandyra Uehara, secretária nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT, afirmou durante o evento que é essencial pensar em políticas específicas para proteger os direitos e a vida das pessoas com deficiência em tempos de crise climática.
A dirigente destacou que, com a intensificação de desastres ambientais, é necessário planejar medidas de proteção para os mais vulneráveis.
“Estamos vendo um período de crise climática, desastres ambientais onde as pessoas com deficiência são violentamente impactadas”, explicou Jandyra.
O lançamento do caderno e a inclusão no mercado de trabalho
Durante a celebração do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, foi lançado o terceiro caderno que trata dos direitos e necessidades das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
Esse material tem como objetivo informar e promover a organização e a participação dos trabalhadores com deficiência, especialmente aqueles associados aos sindicatos de base da CUT. O caderno visa contribuir para uma inclusão mais eficaz e consciente das pessoas com deficiência no ambiente profissional.
Carlos Maciel, coordenador do Coletivo Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência, reforçou a relevância da publicação como uma forma de divulgar os direitos e as ações voltadas para esse público, destacando a necessidade de acessibilidade nos ambientes de trabalho.
“O coletivo vem nesse momento fazer esse diálogo, uma discussão que traz a necessidade de acessibilidade no espaço e o direito da pessoa com deficiência no trabalho”, afirmou Maciel.
A vulnerabilidade das pessoas com deficiência em desastres climáticos
Os eventos climáticos extremos, como furacões, ciclones e inundações, podem representar riscos ainda maiores para pessoas com deficiência. A dificuldade de locomoção e a limitação sensorial em algumas situações tornam a evacuação de áreas de risco um desafio significativo.
Jandyra Uehara sublinhou a importância de criar estratégias que protejam essas pessoas durante desastres, à medida que os eventos climáticos devastadores se tornam mais frequentes.
“O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência nos lembra a importância de pensar diferente enquanto trabalhamos para construir sociedades mais justas e inclusivas”, completou.
Desafios da inclusão
O levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com o Observatório Social, mostrou que a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho ainda enfrenta grandes obstáculos.
De acordo com o Dieese, em 2021, apenas 1,1% dos empregos formais eram ocupados por pessoas com deficiência, e nos cargos de chefia, esse número foi reduzido a 0,5%. Esses dados refletem não só a falta de inclusão no mercado de trabalho, mas também o preconceito e a discriminação ainda presentes na sociedade.
O Brasil conta com mais de 18 milhões de pessoas com deficiência, o que representa cerca de 9% da população. Embora tenha havido alguns avanços para garantir a inclusão, os desafios permanecem. O estudo aponta que a falta de acessibilidade e o preconceito ainda são barreiras significativas para que as pessoas com deficiência ingressem e permaneçam no mercado de trabalho.
Fonte: CUT