A acessibilidade no setor aéreo tem sido um tema cada vez mais relevante para garantir a inclusão de todas as pessoas, especialmente aquelas com deficiência. Com o objetivo de aprimorar a experiência dos passageiros e promover um ambiente mais inclusivo nos aeroportos brasileiros, o Ministério de Portos e Aeroportos, por meio da Secretaria Nacional de Aviação Civil, lançou uma iniciativa para coletar feedbacks de pessoas com deficiência sobre as condições de acessibilidade em aviões e aeroportos do país. A ação visa identificar melhorias e promover mudanças eficazes em toda a rede aeroportuária.
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Questionário sobre acessibilidade: colhendo opiniões cruciais
Desde outubro de 2023, está disponível um questionário online para pessoas com deficiência, a fim de avaliar os serviços prestados pelas companhias aéreas e os aeroportos. Com quatro blocos de perguntas, o formulário abrange o perfil dos participantes e suas percepções sobre a infraestrutura de acessibilidade. A coleta de respostas seguirá até 31 de dezembro de 2027, com a expectativa de impactar positivamente a melhoria do sistema.
Até o momento, 31 respostas foram registradas. A pesquisa, que é fruto de uma parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi idealizada com o objetivo de compreender as melhores práticas de acessibilidade. O estudo já identificou 92 boas práticas e, com base nelas, 57 aeroportos brasileiros foram avaliados e classificados, recebendo selos de acordo com o nível de adequação.
Análise comparativa com aeroportos internacionais
A equipe responsável pela pesquisa também buscou inspirações fora do Brasil para identificar soluções inovadoras adotadas em outros países. Exemplos como o aplicativo “Be My Eyes”, que ajuda pessoas com deficiência visual ao conectá-las com voluntários através de câmeras, foram destacados como boas práticas. Além disso, a utilização de cães-guia também foi observada como uma solução importante para a mobilidade de passageiros com deficiência.
Essas comparações internacionais visam posicionar o Brasil em um contexto global de acessibilidade. A partir das conclusões, serão feitas recomendações para implementar medidas que proporcionem uma experiência mais inclusiva no transporte aéreo.
Melhorias na comunicação entre companhias aéreas e passageiros
De acordo com o pesquisador Luiz Antonio Tonin, coordenador do projeto pela UFSCar, a comunicação entre passageiros com deficiência e as companhias aéreas, bem como entre essas companhias e os aeroportos, ainda apresenta falhas significativas. Problemas como o embarque remoto, onde o passageiro é transportado de um portão distante da base central do aeroporto, geram constrangimentos e dificuldades.
O especialista enfatiza que muitos desses obstáculos poderiam ser superados com uma comunicação mais eficaz, evitando desconfortos e melhorando a acessibilidade para todos os envolvidos.
O impacto do manual de acessibilidade
Além do questionário, o Ministério de Portos e Aeroportos também disponibilizou o “Manual de Acessibilidade na Aviação Civil”, um documento essencial que orienta as práticas de acessibilidade nos aeroportos e aviões. Esse manual está disponível no portal “Aviação Acessível”, juntamente com informações sobre como preencher o formulário de feedback, garantindo que mais pessoas possam contribuir para as melhorias do sistema.
A implementação de uma interface mais acessível para responder ao questionário é outra medida que está sendo desenvolvida, visando facilitar ainda mais a participação de todos os cidadãos.
Fonte: Agência Brasil