O Sistema Único de Saúde (SUS) deu mais um passo importante no combate ao câncer de mama no Brasil. Com o lançamento do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para o câncer de mama, o Ministério da Saúde ampliou o acesso a tratamentos de alta complexidade. A medida inclui cinco novos procedimentos e a introdução da técnica de videolaparoscopia, que promete reduzir o tempo de internação e as chances de complicações pós-cirúrgicas.
A nova estratégia tem como objetivo oferecer tratamentos mais eficazes, garantir maior uniformidade nos serviços de saúde e promover o acesso igualitário a tecnologias inovadoras. Além disso, visa reduzir o tempo de espera para diagnóstico e início do tratamento, pontos críticos que impactam diretamente a mortalidade associada à doença.
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Novos tratamentos garantidos pelo PCDT
O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) trouxe cinco novas abordagens terapêuticas que serão implementadas nos centros especializados do SUS. Veja quais são:
- Inibidores de quinases CDK 4 e 6: Esses medicamentos têm o objetivo de impedir a proliferação celular, sendo indicados para tratar tipos específicos de câncer de mama;
- Trastuzumab Entansina: Esse tratamento combina quimioterapia e imunoterapia, atacando diretamente as células cancerígenas;
- Supressão ovariana medicamentosa e hormonioterapia parenteral: Ajuda a controlar os níveis hormonais, importante para pacientes com tumores hormonossensíveis;
- Fator de estimulador de colônia: Apoio essencial para pacientes que passam por esquemas de quimioterapia com doses densas, ajudando a fortalecer o sistema imunológico;
- Ampliação da neoadjuvância (estádios I a III): Esse tipo de quimioterapia aplicada antes da cirurgia agora se estende a mais estágios da doença, reduzindo o tamanho do tumor antes da intervenção cirúrgica.
Segundo o Ministério da Saúde, essas medidas garantem mais uniformidade no tratamento e melhoram o acesso da população a terapias inovadoras.
Videolaparoscopia: menos invasiva e mais eficiente
Uma das maiores inovações apresentadas no novo protocolo é a introdução da videolaparoscopia. Essa técnica minimamente invasiva permite que os médicos realizem procedimentos cirúrgicos por meio de pequenas incisões, utilizando uma câmera e instrumentos especiais.
De acordo com o Ministério da Saúde, a videolaparoscopia oferece diversas vantagens:
- Menor tempo de internação: O paciente tem alta hospitalar mais rápida, liberando leitos para outras pessoas;
- Redução de complicações: Por ser menos invasiva, o risco de infecções e complicações pós-operatórias é menor;
- Menos reintervenções: O uso dessa técnica diminui a necessidade de novas intervenções cirúrgicas.
O uso desse método não só melhora a experiência do paciente, mas também otimiza a gestão de recursos do SUS, permitindo maior rotatividade de leitos hospitalares e uso mais eficiente do sistema de saúde.
Cuidado integrado com o Programa Mais Acesso a Especialistas
Outra novidade é a integração do cuidado ao paciente com câncer de mama dentro do Programa Mais Acesso a Especialistas. Com isso, o Ministério da Saúde estabelece o Protocolo de Acesso às Ofertas de Cuidado Integrado (OCI), que organiza a jornada do paciente desde o diagnóstico até o tratamento.
O OCI para o câncer de mama inclui:
- Consulta com mastologista;
- Exames de imagem (mamografia e ultrassonografia);
- Punção aspirativa e análise histopatológica;
- Busca ativa da paciente para garantir o retorno aos exames e consultas subsequentes;
- Contato com equipes de atenção básica para continuidade do cuidado.
Com essa padronização, o prazo para início do tratamento, que antes chegava a um ano e seis meses, será reduzido para 30 dias. Essa mudança promete reduzir as taxas de mortalidade, já que o diagnóstico precoce é crucial para o sucesso do tratamento.
O impacto do câncer de mama no Brasil
O câncer de mama continua sendo o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres brasileiras e a principal causa de morte por câncer no público feminino em todas as regiões do país.
De acordo com o Ministério da Saúde, o tempo de espera para o início do tratamento é um fator determinante no desfecho da doença. Atrasos entre 30 e 60 dias aumentam a mortalidade em 6% a 8%, enquanto atrasos superiores a 60 dias podem elevar esse percentual para até 16%.
Com a implementação do novo PCDT, o objetivo é reduzir esses prazos, permitindo o acesso mais rápido e eficiente ao diagnóstico e ao tratamento.
Judicialização e padronização no SUS
Antes da padronização dos novos procedimentos, muitos pacientes precisavam recorrer à judicialização para conseguir acesso a tratamentos mais modernos, o que gerava disparidades no atendimento. O Ministério da Saúde destacou que, por meio de decisões judiciais, pacientes obtinham tratamentos não disponíveis no SUS, o que pressionava o sistema financeiro do órgão e comprometia o atendimento geral.
Agora, com a incorporação oficial dos novos tratamentos e a criação do Protocolo Clínico, o governo assegura o acesso equitativo e integral a terapias de eficácia comprovada. Isso não apenas garante tratamento de qualidade a todos os usuários do sistema público, mas também fortalece a lógica de cuidado integral e contínuo, desde o diagnóstico até o monitoramento dos resultados
Fonte: Agência Brasil