O Réveillon é uma data de celebração mundial, marcada por fogos de artifício e grandes confraternizações. Porém, enquanto muitas pessoas desfrutam da festa, os estrondos provocados por rojões e fogos de estampido representam um grande desafio para a saúde de alguns seres vivos, especialmente animais e pessoas com transtornos sensoriais.
Este artigo aborda os impactos desses ruídos, a legislação sobre o tema e formas de minimizar os efeitos nocivos dessa tradição.
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Os efeitos devastadores dos fogos de artifício para os animais
Os animais possuem uma audição muito mais sensível do que os seres humanos, o que torna os fogos de artifício um verdadeiro pesadelo para eles. Em especial, os cães e gatos, que possuem um alcance auditivo muito superior, reagem com pânico aos barulhos, sem compreender sua origem.
De acordo com o veterinário Neander Oíbio, “o barulho repentino dos fogos é interpretado como uma ameaça, o que pode gerar medo extremo e até problemas físicos como colapsos cardíacos.”
Além disso, estudos apontam que uma grande parte dos animais domésticos, como cães e gatos, entra em pânico durante os fogos. Pesquisa do Grupo Petlove revelou que mais de 70% dos tutores de animais relatam comportamentos de medo, como tentativas de fuga ou tremores, sendo os gatos particularmente vulneráveis ao estresse causado pelos estalos. O sofrimento não é exclusivo dos pets urbanos; em áreas rurais, animais de criação, como cavalos e galinhas, também enfrentam sérios riscos.
Os impactos para pessoas com Transtorno do Espectro Autista
Além dos animais, muitas pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) enfrentam desafios durante os eventos de Réveillon. Mila Guimarães, diagnosticada com TEA e TDAH, descreve como os fogos a deixam com “sensação de pânico e ansiedade”. Para ela, a tradição de usar fogos com estampido é algo perturbador, e ela acredita que adaptações poderiam ser feitas para melhorar a qualidade de vida das pessoas sensíveis a sons.
A médica psiquiatra Ana Aguiar complementa, explicando que pessoas autistas podem ter uma sensibilidade auditiva exacerbada, o que pode gerar desconfortos como dores de cabeça e desorientação.
Legislação e iniciativas contra os fogos de estampido
Com a crescente conscientização sobre os danos causados pelos fogos de artifício, várias cidades e estados já implementaram legislações proibindo a utilização de artefatos com ruídos elevados. Em Brasília, por exemplo, uma lei de 2020 proíbe fogos com ruídos intensos, permitindo apenas os de efeito visual. O Senado Federal também está discutindo um projeto de lei que proíbe em todo o Brasil a comercialização e uso de fogos de estampido.
A campanha contra os fogos de artifício barulhentos também tem ganhado força, como a iniciativa do Instituto Cultural e do Bem-Estar Animal (ICBEM), que busca conscientizar sobre alternativas mais inclusivas, como fogos luminosos.
Como minimizar o impacto dos fogos de artifício
Embora as mudanças na legislação ainda sejam um processo em andamento, especialistas sugerem diversas formas de minimizar os efeitos nocivos dos fogos. Para os tutores de animais, criar um ambiente seguro dentro de casa é fundamental.
O veterinário Neander Oíbio recomenda o uso de cobertores, ambientes fechados e até música relaxante para mascarar os sons dos fogos. Já para pessoas com sensibilidade auditiva, o uso de fones de ouvido com cancelamento de ruído, como faz a autista Mila Guimarães, pode ser uma solução eficaz.
Fonte: Agência Brasil