O Brasil registrou um aumento de 25% na população em situação de rua, com números preocupantes divulgados no final de 2024.
De acordo com dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/POLOS-UFMG), a quantidade de pessoas nas ruas saltou de 261.653 em dezembro de 2023 para 327.925 em dezembro de 2024.
Este crescimento reflete não só o agravamento da vulnerabilidade social, mas também a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes para combater esse problema.
Leia mais: Brasil reforça políticas de inclusão para migrantes, refugiados e apátridas
O panorama nacional: disparidade regional
A Região Sudeste concentra a maior parte da população em situação de rua, com 63% do total nacional. O estado de São Paulo lidera essa estatística, representando 43% de todas as pessoas nas ruas do país.
O aumento dessa população no estado foi alarmante, saltando de 106.857 para 139.799 pessoas em apenas um ano. Em seguida, destacam-se os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 30.801 e 30.244 pessoas, respectivamente.
Fatores contribuintes para o aumento
Segundo André Luiz Freitas Dias, coordenador do Observatório, a ampliação do número de pessoas em situação de rua pode ser explicada por dois fatores principais: o fortalecimento do Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico), que agora é o principal registro dessa população, e a falta de políticas públicas estruturantes, como moradia, trabalho e educação, para enfrentar a crise.
O levantamento também apontou que grande parte dessa população não completou o ensino fundamental e enfrenta dificuldades significativas de acesso ao mercado de trabalho.
A falta de moradia e a ociosidade de imóveis
Em São Paulo, a discrepância entre o número de imóveis desocupados e a população em situação de rua é alarmante. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, cerca de 590 mil imóveis privados estão vazios na cidade, um número muito superior aos 92.556 indivíduos em situação de rua, segundo o Observatório da UFMG.
Robson César Correia de Mendonça, do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo, destaca que a falta de ação política para resolver esse problema é evidente. Para ele, transformar imóveis ociosos em habitações poderia ser uma solução viável e econômica.
O papel das políticas públicas no enfrentamento do problema
A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo, embora não tenha fornecido dados específicos sobre o número de pessoas em situação de rua, relatou que parte significativa dos recursos do Fundo Estadual de Assistência Social foi destinada a serviços de proteção social.
No entanto, as medidas ainda são insuficientes para lidar com o volume crescente dessa população.
Fonte: Agência Brasil